Por: Thasley Westanyslau Alves Pereira
A diminuição das distâncias, a
facilidade em se estabelecer contato entre regiões longínquas uma das outras, a
quase impossibilidade de haver uma comunidade isolada do restante do mundo são
elementos constitutivos do que se chama por globalização. As contradições
inerentes ao processo de globalização tem afetado a noção de identidade em seu
sentido particular. Tal fenômeno decorre do fato de que o processo
globalizante, promove a uniformização de valores, atitudes e estilos de vida.
Essa evidente homogeneização cultural coloca em risco a identidade local,
regional e nacional, ao passo que propõe uma cultura mundial. Tal
fenômeno, atinge as diversas esferas da experiência humana dentro da
historicidade. Economia, educação, política e principalmente a esfera cultural
é atingida por esse processo. A globalização e o seu vínculo a essas esferas
tem efeito direto e coloca em risco o vínculo de um indivíduo com um território
especifico, sendo esse um vínculo dentro de uma relação dialógica. Um vínculo
que estabelece um identidade, tanto ao território, quanto para o próprio
indivíduo. Uma identidade particular, única e singular.
A interferência da globalização na
esfera cultural como potência destruidora presente no neoliberalismo, cada vez
mais globalizado, manifestando-se gravemente pela tentativa de padronização do
mundo, conduzindo ao pensamento único, a uniformização de valores, atitudes,
comportamentos, estilos de vida. Tal homogeneização cultural, põe em risco a
identidade e o simbolismo do patrimônio cultural local, regional e ainda
nacional, sobrepondo-lhes ou mesmo misturando-lhes, concepções culturais
exógenas ditas mundiais. Segundo Ianni, (1992) essa tendência a homogeneização
e padronização, conduz ao desenraizamento dos agentes e da mentalidade, pondo em
risco a identidade e o simbolismo do patrimônio cultural e histórico a nível
local. Sendo assim, os estudos históricos que seguem metodologias e
arcabouços teóricos que enfatizam o local, possuem a qualidade em combater o
processo de desenraizamento inerente a globalização. No entanto, esses estudos
não são/serão significativos caso não haja a disseminação dos seus resultados
alcançados. A educação patrimonial, nesse sentido, possui importância ímpar
nessa função. É esse tipo de educação, embasada tanto nos objetos da disciplina
histórica, bem como nas demais áreas do conhecimento que se dedicam ao estudo
das variadas faces do patrimônio, possui a qualidade diferenciada em construir
o sentimento de pertencimento através da constituição de uma identidade que
perpassa o privado e o público.
Tudo é história, tudo é patrimônio,
desde que possua significância para quem quer que seja. Assim, a educação
patrimonial não necessariamente precisa partir de um levantamento das
particularidades de uma dado local, sejam manifestações culturais de esfera
material e imaterial ou ainda patrimônio paisagístico. A introdução da educação
patrimonial, tendo como objetivo a construção da identidade do indivíduo e a
sua relação com o local, deve partir do universo particular, dos locais de
memória que cada aluno possui. A problematização a partir do que é próximo do
público alvo, facilita o entendimento e possui um caráter introdutório. Como
método de ensino, possui viabilidade na medida em que os locais de memória
individuais de cada aluno possui fácil acesso. Isso abre uma extensa lista de
possibilidades de trabalho. Fotografias particulares, narrativas de familiares,
histórias de vidas, objetos que trazem memória, experiências particulares, todo
e qualquer relato, objeto que possua significado pode ser considerado
patrimônio, um tipo diferenciado e que tomamos como patrimônio particular. Tal
modalidade de patrimônio remete a um passado que possuiu um significado na
historicidade individual do seu possuidor, portanto, é uma categoria importante
na constituição de uma identidade pessoal, familiar e em seu último aspecto,
comunitária.